INTRODUÇÃO
O objetivo
desse estudo é analisar o texto bíblico contido no Evangelho de Mateus capitulo 19, versículos 3 ao 9.
O assunto
tratado no texto diz respeito ao casamento tendo o divórcio como tema
principal.
Texto Base:
Segue abaixo
o texto extraído da Bíblica Sagrada, Edição
Revista Corrigida e Revisada - Fiel ao Texto Original:
“3- Então chegaram ao pé dele os fariseus,
tentando-o, e dizendo-lhe: É licito ao homem repudiar sua mulher por qualquer
motivo? 4- Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os
fez no princípio macho e fêmea os fez, 5- e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe,
e se unirá à sua mulher, e serão dois numa só carne? 6- Assim não são dois, mas uma só carne. Portanto,
o que Deus ajuntou não o separe o homem. 7- Disseram-lhe eles: Então, por que mandou
Moisés dar-lhe carta de divórcio, e repudiá-la? 8- Disse-lhes ele: Moisés, por causa da dureza
dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio
não foi assim. 9- Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por
causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a
repudiada também comete adultério.”.
É
importante notarmos que esse texto desenvolve-se a partir de uma pergunta: “É licito ao homem repudiar sua mulher por
qualquer motivo?”; logo, tentar responder a qualquer outra pergunta sem
antes nos atentarmos para esta pergunta principal, nos levará a conclusões
equivocadas a respeito do assunto.
O primeiro
ponto que devemos estabelecer na análise desse texto, é que o assunto tratado
aqui é o casamento e o que se discute aqui, é se marido e esposa podem se separar (divórcio) por qualquer motivo;
assim o divórcio passa a ser tema central do assunto. Então antes de
analisarmos o tema (que é mais centralizado), iremos analisar o assunto (que é
mais abrangente).
O CASAMENTO
“É licito ao homem repudiar sua mulher por
qualquer motivo?”
Jesus
responde essa pergunta reafirmando o propósito de Deus para o casamento: tornar
o homem e a mulher uma só carne, sendo uma exemplificação da igreja (noiva) e
Cristo (noivo) - cf. Efésios 5.31-32.
Esse
princípio foi estabelecido por Deus desde o início na instituição do primeiro
casamento:
“Portanto deixará o
homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma só
carne.” – Gn 2.24.
A resposta
conclusiva de Jesus é bem clara:
“Portanto, o que Deus ajuntou
não o separe o homem.”.
Embora,
Jesus deixe claro que o homem não pode repudiar sua mulher por qualquer motivo,
a pergunta feito pelos fariseus traz em si mesma a possibilidade para que se
abram exceções, ou seja, a expressão “qualquer
motivo” abre a possibilidade de que por um motivo justo é lícito sim ao
homem repudiar a sua mulher.
Como o
objetivo dos fariseus não era ter uma resposta a uma duvida, mas sim fazer com
que Jesus cai-se em contradição (“tentando-o”),
eles incluem na discussão outra pergunta: “Então, por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio, e repudiá-la?”.
O texto
citado pelos fariseus encontra-se em Deuteronômio
24.1 e para está pergunta, Jesus dá uma resposta bem clara também: “Moisés, por causa da dureza dos vossos
corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi
assim.”. Até esse ponto da discussão, Jesus responde as duas perguntas
de forma clara, nos permitindo chegar a seguinte conclusão de que NÃO é licito ao homem repudiar a sua mulher
por qualquer motivo, tendo Moisés permitido isso por causa da dureza dos corações
dos homens, porém essa não é a vontade de Deus.
Embora as
duas perguntas tenham sido respondidas por Jesus de forma clara e objetiva, a
discussão não se encerra aqui.
A RESPEITO DE DIVÓRCIO
Jesus acrescenta
um ensinamento precioso para as nossas vidas a respeito do divórcio: “Eu vos digo, porém, que qualquer que
repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra,
comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério.”.
A
discussão gira em torno da divisão que havia entre os rabinos judeus em relação
à interpretação da lei de Dt 24.1: os seguidores do rabino Shammai eram muito preciosos e permitiam o divórcio apenas em caso
de adultério; já os seguidores de Hillel permitiam
o divórcio por vários motivos, inclusive por alguns de pouca importância.
RADICALIDE
e LIBERALIDADE são os extremos que dão luz a essa discussão. É notável que esses
extremos existentes desde a época de Cristo têm perdurado até os dias atuais causando
grandes discussões entre os estudiosos da Bíblia. Isso ocorre porque a maioria
analisa as afirmações contidas nos textos de forma isolada, visando criar
prerrogativas para justificarem suas próprias ações ou para defender a alienação
de suas ideias (opinião).
Para não tomarmos
partido em um desses extremos, devemos abrir mão te toda e qualquer opinião formada
a respeito do assunto e de toda e qualquer justificativa visando proteger as nossas
ações ou as de terceiros. Somente assim faremos uma interpretação correta de
acordo com as Sagradas Escrituras.
Iniciaremos
então a analise dessa afirmação trazendo a definição de algumas palavras
contidas no texto:
Fornicar: ter coito; importunar, aborrecer. (Dicionário Brasileiro Glogo).
Fornicação: - relações políticas, relacionamentos sexuais e
religiosos ilícitos. (Dicionário Bíblico
– Templus). No Novo Testamento, a fornicação é um dos pecados mencionados
pelo apóstolo Paulo (cf. Rm 13.13; 1 Co 5.11; Gl 5.19; Ef 5.3; Cl 3.5).
Aprofundamento
da analise:
“Eu vos digo, porém, que qualquer que
repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra,
comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério.”
Jesus não
está dizendo que havendo adultério (ou fornicação) é permitido casar-se
novamente, caso contrário, seria muito fácil – toda vez que um casal sentir-se
insatisfeito com o casamento, basta utilizarem (o que não será um importuno uma vez que a insatisfação já se
instaurou no relacionamento) a traição como meio de se verem livres um do
outro e desimpedidos para se casarem novamente. A pergunta que eu faço é: foi essa a vontade de Deus desde o início?
Jesus diz que não – cf. v.8.
A vontade
e o mandamento de Deus estabelecido desde o início é que “o que Deus uniu não o separe o homem.”.
Assim permitir a separação e um novo casamento por qualquer motivo trata-se de
um LIBERALISMO contrário a vontade de Deus. Por outro lado, dizer que em hipótese
alguma um casal pode se separar soa como um RADICALISMO cruel e infundado.
Entendemos
que Jesus estabelece aqui um motivo justo para a separação, mas não para um
novo casamento. A fornicação aqui é apresentada como motivo justo para o
divórcio, já o adultério é o pecado cometido por aqueles que se casam
novamente, tendo ou não havido fornicação.
Se nos
atentarmos que a discussão principal aqui é o divórcio e não um novo casamento,
fica mais fácil compreender o que Cristo quis nos ensinar. Pense: “aquele que repudiar a sua mulher não sendo
por causa de fornicação e casar-se com outra comete adultério”, - quer
dizer então que aquele que repudiar a sua mulher, sem ser por causa de
fornicação e NÃO casar com outra está agindo de forma correta diante de Deus? Claro
que não. Poderíamos até pensar assim se o foco principal da questão fosse o
um novo casamento, porém, o que está em questão é o divórcio e este sim é
permitido caso haja a fornicação.
Em hermenêutica
aprendemos que Bíblia explica a Bíblia, e que jamais podemos ficar preso em um único
texto. Assim a verdade interpretativa aqui elucidada pode ser claramente confirmada
em outras passagens bíblicas. Veja:
Marcos 10.11-12: “E ele lhes disse: Qualquer que deixar a sua
mulher e casar com outra, adultera contra ela. E, se a mulher deixar seu
marido, e casar com outro, adultera.”. Veja que nessa passagem a palavra fornicação nem aparece, pois aqui sim
o foco principal é um novo casamento, e este em qualquer hipótese caracteriza-se
como adultério. Isso mais uma vez confirma que o foco do texto de Mateus 19.9 é o divórcio e por isso a
palavra fornicação aparece, pois o DIVÓRCIO é permitido em caso de fornicação,
já o casamento, como revela Marcos não.
1 Coríntios 7.10: “Todavia, aos casados mando, não eu
mas o Senhor, que a mulher não se aparte do marido. Se porém se apartar, que
fique sem casar, ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a
mulher.”. Paulo é
bem claro aqui dizendo que se a mulher se apartar de seu marido deve ficar sem
casar, assim, mais uma vez vemos que a única permissão dada por Deus é a
separação, e esta somente em caso de fornicação.
Romanos 7.2-3: “Porque a mulher que está sujeita
ao marido, enquanto ele viver, está-lhe ligada pela lei; mas morto o marido,
está livre da lei do marido. De sorte que, vivendo o marido, será chamada
adúltera se for de outro marido; mas, morto o marido, livre está da lei, e
assim não será adúltera, se for de outro marido.”. Nessa passagem vemos que um casamento, ou a
ligação entre marido e mulher só acaba de fato quando há a morte de um dos cônjuges,
ou seja, mesmo tendo ocorrido o divórcio, ambos continuam ligados.
CONCLUSÃO
Com base em
Mateus 19.3-9 e com o auxilio de
outros textos bíblicos, chegamos as seguintes conclusões:
·
O
casamento foi instituído por Deus desde o princípio e só se encerra com a morte
de um dos cônjuges.
·
O divórcio
só permitido em caso de fornicação.
·
Um
novo casamento não é permitido em hipótese alguma, exceto quando há a morte de
um dos cônjuges.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
É sempre
importante lembrarmos que Deus não leva em consideração o tempo da ignorância
humana, ou seja, aqueles erros que cometemos antes de termos um encontro real
com Cristo não interferirão em nossa busca de santidade, em nossa comunhão com
Deus. - cf. Atos 17.30; Isaías 43.25. Mas isso
não significa que estaremos livres das consequências de nossos erros, Deus
perdoa, ama, restaura, porém “tudo o que homem semear, isso
também ceifará.” – Gl 6.7.
Que Deus
vos abençoe!
André Buscaratti Silva
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BÍBLIA
SAGRADA, edição Corrigida e Revisada –
Fiel ao Texto Original.
BÍBLIA
DE ESTUDO ALMEIDA, edição Revista e
Corrigida.
BÍBLIA
SHEDD, edição Revista e Atualizada.
DICIONÁRIO
BRASILEIRO GLOGO, Editora Globo.
DICIONÁRIO
BÍBLICO: conhecendo e entendendo a Palavra de Deus, editora Templus.
(Obs.: Esse estudo consiste em um
trabalho apresentado para avaliação do 4º modulo – Abril, da disciplina Novo Testamento – Prof.º Pr.
Frabizio Liporassi, do Seminário Teológico
Ceforte - Polo de Ribeirão Preto-SP.).
Postagem nº 52 - São José do Rio Preto, 28 de abril de 2012-SAB
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