Drogas
VS Igreja
Já é do conhecimento de todos que o problema com
drogas não é mais apenas um fato isolado de um indivíduo, ou uma tragédia ocorrida
em uma família, é na verdade um problema social que atinge todas as camadas da
sociedade independentemente do credo, cultura, classe social, idade ou sexo. As
drogas não escolhem suas vitimas.
Uma Pesquisa da fundação
Getúlio Vargas (FGV) apontou que 62 % dos usuários de drogas
pertencem à classe A, 50,7 % dos consumidores declarados de drogas no Brasil
têm idade entre 20 e 29 anos e 30 % dos consumidores de drogas frequentam a
universidade (Fonte: O Globo Online, em 24 out. 2007).
Para se ter uma ideia, o Brasil em 2008 já era o
segundo maior consumidor de cocaína do mundo, com 870 mil usuários, ficando
atrás apenas dos Estados Unidos (Fonte:
Jailton de Carvalho - O Globo Online. Publicada em 6 jun. 2008.). Outro dado aponta que 22,8%
da população no Brasil consome drogas e que o número de viciados em crack,
cocaína e maconha na capital paulista chega a 1,6 milhão (Disponível em: < http://vencendoasdrogas.com/NUMEROS.htm
> Acesso em: 09 nov. 2010).
O problema é tão sério, que até o poder publico tem
dado atenção a este assunto. Nunca antes se ouviu falar tanto sobre drogas pelas
autoridades publicas como hoje; nunca se viu a criação de tantas políticas a
cerca desse assunto, e nunca antes se viu tanto investimentos dos governos
nessa área.
Se antes um dependente químico era tratado como
marginal, hoje aos olhos das autoridades ele é visto como um doente. Se
antigamente esse dependente químico encontrava ajuda apenas nos grupos anônimos
(na maioria das vezes nem na família encontrava) e tratamento apenas em
clinicas particulares, hoje o governo oferece ajuda e tratamento em órgãos
públicos, como por exemplo, o CAPS[1]
e clinicas (Uniad[2],
Cratod[3]).
Não iremos aqui discutir se esses investimentos são
ou não suficientes, não vamos aqui discutir se essas políticas são ou não
eficazes... O que queremos é na verdade mostrar o quanto essa realidade tem
tomado importância no nosso dia a dia. E a discussão que será proposta nesse
artigo não diz respeito às ações do governo, mas assim ao posicionamento da
igreja diante dessa realidade.
Ao pensarmos sobre o posicionamento da igreja uma
pergunta inevitável surge em nossa mente: O que temos feito? A resposta é MUITO POUCO, principalmente quando passamos a
ter conhecimento da gravidade desse problema, principalmente quando passamos a
perceber o quanto ele é grande podendo estar bem ao nosso lado.
Temos orientado nossas crianças e adolescentes a
respeito desse assunto? Temos conversado abertamente com nossos jovens sobre
drogas? Estamos promovendo encontros, estudos, debates, palestras com essa
temática? E a igreja, está preparada para receber uma pessoa com esse problema
e oferecer-lhe ajuda? Como nossa comunidade reagiria ao ver um “drogado” entrar
em um culto? O acolheria ou o colocaria para fora?
Muitas vezes temos membros em nossas igrejas que
estão passando por esse problema, mas nem sabemos. Muitas vezes temos irmãos
(ãs) em nossas igrejas que já passaram por esse problema, porém não damos valor
às experiências e aos ensinamentos que eles (as) podem nos transmitir.
E o que dizer daqueles que não estão em nossas
igrejas, mas estão perdidos nas ruas, embaixo de marquises e pontilhões?
Trataremos estes com antipatia chamando-os de vagabundos, perdidos? Trataremos
estes com apatia olhando-os com o olhar da indiferença? O olhar que não nos
permite enxergá-los? Ou trataremos estes com empatia, amando-os com o amor de
Cristo, chamando-os para uma nova vida, e enxergando-os como semelhantes?
Podemos e devemos mudar essa situação. Essa mudança
deve ocorrer de dentro para fora. Essa transformação deve ocorrer dentro de
cada um de nós. Não adianta querermos abraçar o mundo se não conseguimos
abraçar aqueles que estão ao nosso lado, não adianta querermos salvar aqueles
que estão nas ruas enquanto perdermos os que estão ao nosso lado.
Não podemos nos conformar com essa realidade. Devemos
nos preparar para ajudar primeiramente aqueles que estão ao nosso lado e em
seguida, os que estão lá fora. Para isso é fundamental que haja uma renovação
do nosso entendimento (Rm 12.2). Somente abandonando velhos (pré) conceitos e
mudando a nossa maneira de pensar é que seremos capazes de oferecer ajuda.
Abandonar a idéia de que todo drogado é vagabundo,
e a sina de que “uma vez drogado, sempre drogado” são os primeiros passos;
aliás, essa palavra “drogado” já é em si carregada de preconceito e revela a
total falta de conhecimento daqueles que a utiliza. Seria muito bom, coerente e
humano se substituíssemos a palavra “drogado”, por dependente químico.
Agindo assim veremos a realidade em nossa volta ser
transformada. Quando deixamos de ser conformados, a inconformidade gera
mudanças. Então veremos verdadeiramente uma comunidade (igreja) que tem tudo em
comum (At 2.37-47). Veremos pessoas ajudando e sendo ajudadas. Veremos uma
igreja atuante além das quatro paredes.
Encerro com um ensinamento Bíblico a respeito da
acepção de pessoas:
“Todavia, se cumprirdes, conforme a
Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis. Mas,
se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, e sois redargüidos pela lei como
transgressores.” - Tiago 2:8-9
Para mudar o mundo, comece mudando você!
Deus vos abençoe!
André Buscaratti Silva
Postagem
nº 69 -
São José do Rio Preto, 7 de setembro de 2012-SEX
(Artigo apresentado como Trabalho de Sociologia, Prof.ª
Suely Campos - Seminário Teológico Ceforte – Polo de Ribeirão Preto-SP).
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